HANAMI | Filipa Peraltinha
29 — 30 de abril de 2022
21h00
Os rasgos de memória que nos marcam e que lembramos com exatidão são sempre escassos e raquíticos, comparados com a soma de tudo. Assaltam-nos com maior brutalidade os episódios em que a vida nos leva o fôlego, por alegria ou comiseração, e o corpo serve de contentor à dor ou a uma qualquer forma de amor quase incomportável.
Os entretantos, o tempo que sobra, nada disto é extraordinário, porque não tem peso, nem voz, nem textura, é só a vida a correr, sem que a sintamos nossa. Somos mais nós quando estamos desassossegados.
Assim, estaremos ali, presos às paredes que criámos, com mais ou menos volume, como montra viva de uma humanidade que urge ser revisitada, quase em jeito de propaganda e encenando a existência do artista enquanto ser isolado, esdrúxulo e inconstante. Hanami é também um desabafo sobre pertença e a contemplação do efémero.
A quem nos visita não impomos que fique, que se demore, nem mesmo que se detenha num mesmo lugar. Esta apresentação é um convite.
Hanami é uma tradição ancestral japonesa que contempla a beleza efêmera das flores de cerejeira.
FICHA TÉCNICA
Conceito, coreografia, figurinos, cenografia e texto
Filipa Peraltinha
Interpretação
Catarina Casqueiro, Filipa Peraltinha
Criação e interpretação musical
Artur Guimarães, Rodolfo Cardoso
Desenho de luz
Hugo Franco
Coordenação de produção e assistência
Catarina Alves
Voz off
Fanni Foldvari, Filipa Peraltinha
Fotografia
Joana Linda
Design gráfico
Marta Furtado
Produção
Força de Produção
Parceria
Carpintarias de São Lázaro
Agradecimentos
Conservatório de Música e Artes do Dão
Catarina Peraltinha
Conceição Sousa
Noémia Azevedo
Fanni Foldvari
Carpintauto.